Cyberbulling e a Responsabilidade da Instituição de Ensino
"Se precisamos de leis para nos ensinar o Bom Senso, então, trazemos de berço a insensatez" Autora: Joseane de Souza Heineck
Tramita no Senado Federal o Projeto de Lei nº 196/2011, que altera o art. 12 da Lei de Diretrizes e Bases e impõe às escolas o dever de combater o assédio escolar, mais conhecido como bullying, através de ações educativas e de prevenção. A iniciativa pretende tornar indiscutível que a Instituição de Ensino é responsável por desenvolver práticas que conscientizem os alunos de que as agressões intencionais, verbais ou físicas, contra um ou mais colegas repetidamente, caracteriza o bullying e pode trazer prejuízos, algumas vezes irreversíveis.A importância do Projeto é incontestável, no entanto, PL 196 corre o risco de ficar ultrapassado antes mesmo de ser votado e colocado em prática. Nos termos em que está redigido, o texto não menciona a responsabilidade das escolas diante das ocorrências de cyberbullying, o qual se caracteriza por agressões verbais veiculadas em qualquer meio eletrônico de comunicação - como e-mail, sites, blogs, redes sociais e celulares. Apesar de ser praticado de forma virtual e, na maioria das vezes, fora do ambiente escolar, a Instituição de Ensino tem o dever de abordar o assunto e adotar posturas que previnam o cyberbullying.
Restrição de acesso a sites de relacionamentos e chats nos laboratórios de informática, orientação aos estudantes para nunca ceder ou emprestar senhas e logins, e conscientização de que o anonimato na internet não é absoluto são algumas das medidas que as escolas podem adotar. Além disso, é importante ressaltar aos alunos que as agressões efetuadas em ambientes virtuais serão reprimidas com sanção proporcional e que existem, inclusive, delegacias especializadas em crimes online.
Não são poucos os relatos no Brasil e no exterior, de alunos que entram em depressão após sofrerem, por meio de mensagens eletrônicas, discriminação e diversas ofensas. Nesse sentido, a escola tem papel determinante no sentido de auxiliar e promover atividades que envolvam os espectadores do bullying.
Através de oficinas de teatro, por exemplo, as instituições podem fazer com que as crianças e jovens abandonem a posição passiva em que se encontram e passem a ser agentes que combatam a prática. Assim, podem também levar as discussões para suas famílias, colegas e grupos de amigos, atingindo, ao final, a sociedade como um todo.
O conceito de Educação Integral.“A Educação Integral constitui ação estratégica para garantir atenção e desenvolvimento integral às crianças, adolescentes e jovens, sujeitos de direitos que vivem uma contemporaneidade marcada por intensas transformações e exigência crescente de acesso ao conhecimento, nas relações sociais entre diferentes gerações e culturas, nas formas de comunicação, na maior exposição aos efeitos das mudanças em nível local, regional e internacional. Ela se dará por meio da ampliação de tempos, espaços e oportunidades educativas que qualifiquem o processo educacional e melhorem o aprendizado dos alunos. Não se trata, portanto, da criação ou recriação da escola como instituição total, mas da articulação dos diversos atores sociais que já atuam na garantia de direitos de nossas crianças e jovens na co-responsabilidade por sua formação integral.” ( Manual da Educação Integral, p.1)O conceito de Educação Integral acima refere-se à concepção defendida pelo Ministério da educação e justifica e necessidade de implementar o Programa Mais Educação como forma de garantir o direito a uma educação integral e emancipadora embuída de qualidade aos milhões de brasileiros que são submetidos à condição de vulnerabilidade social diante da negação da sua identidade e dignidade. Neste sentido, é possível inferir que integral significa inteiro, total, portanto defender uma educação integral é defender uma educação completa que conceba o ser humano por inteiro em todas as suas dimensões. È pensar uma educação que discuta e construa valores, cidadania, ética, na valorização e fortalecimento da identidade étnica, cultural, local, de gêneros, valores, estes essenciais para a construção de uma sociedade sustentável, com justiça social.Vários estudos refletem acerca da qualidade do ensino alicerçada na concepção de educação integral. Para (COELHO, 1997), neste contexto, a educação é concebida como um processo que abrange as múltiplas dimensões formativas do sujeito, tendo como objetivo a formação integral por meio de atividades diversificadas coerentes com a proposta pedagógica de cada instituição educativa.De acordo com o texto do Ministério da Educação, denominado “Rede de Saberes do Mais Educação: Pressupostos para Projetos Pedagógicos de Educação Integral”(Brasil, MEC, 2008), urge a necessidade de enfrentar a distância entre escola e comunidade, por isso a proposta da educação integral visa ampliar o diálogo entre escola e comunidade, por meio da Educação Intercultural que desenvolve-se em espaços de interação entre culturas e saberes, este conceito fundamenta-se na concepção de Paulo Freire(2006) que aponta o diálogo como um objetivo a ser conquistado, também define que a “Interculturalidade remete à confrontação e ao entrelaçamento, aquilo que acontece quando os grupos entram em relações de trocas. Interculturalidade aceita que os diferentes são o que são, em relações de negociação, conflito e empréstimos recíprocos. Escola e comunidade são desafiadas a se expandirem uma em direção à outra”(p.17)Partindo destes pressupostos, o Programa Mais Educação deve ser estruturado mediante o diálogo entre saberes comunitários, saberes escolares e programas do governo federal, a fim de que a escola se torne um espaço e construa novos espaços de formação plena para todos os sujeitos.A educação integral se configura como uma política que assume a perspectiva de universalizar o acesso à educação básica no país, democratizando-a, como resposta aos baixos índices de desenvolvimento humano e educacional e às constantes reivindicações de entidades organizacionais que defendem os direitos básicos da população. Para OLIVEIRA, 2004:A luta pela democratização da educação básica assume um aspecto de ampla defesa do direito à escolarização para todos, à universalização do ensino e à defesa de maior participação na comunidade na gestão da escola… a educação básica pública sempre foi denunciada pela sua qualidade sofrível. (p. 101-102)Segundo a autora, a democratização da educação perpassa pela universalização do ensino de qualidade, uma vez que o acesso e permanência não garantem a efetivação do direito à educação, é necessário além disso prover meios que viabilizem a prática pedagógica necessária ao desenvolvimento integral do educando.A educação integral deve promover: “a cidadania pautada na democracia, na igualdade, na equidade e na participação ativa de todos os membros da sociedade nas decisões sobre seus rumos” (ARAÚJO e KLEIN, 2006, p. 70), entendendo que a participação implica tomar decisões, influenciar por meio da opinião, como um direito assegurado para a educação e para os outros aspectos referentes à cidadania.Para OLIVEIRA, 2004, no atual contexto de reforma do estado, há profundas contradições no uso dos termos, comoQualidade, equidade, eficiência, produtividade, efetividade e descentralização entre outros, são empregados de forma indiscriminada nas atuais políticas públicas para a educação. Chegando muitos deles a perder seu real significado. Além disso o uso desse conceitos revela contradições impressas nas orientações gerais das reformas em curso.(p. 104)Partindo da análise da autora, nota-se que a noção de qualidade da educação pública amplamente divulgada no discurso oficial certamente não condiz com as demandas e necessidades da educação pública. Por isso a educação integral deve ser fruto de debates entre o poder público, a comunidade escolar e a sociedade civil, de forma a assegurar o compromisso de todos com o projeto de educação que esse caracterize pelo respeito aos direitos humanos e ao exercício da cidadania, valorizando a pluralidade de saberes, criando momentos e espaços onde seja possível compreender as distintas formas de conhecimento, garantindo às crianças, adolescentes e jovens o acesso aos veículos de comunicação e suas diversas linguagens, à leitura, à critica e principalmente á construção de uma educação cuja qualidade seja para todos.Assegurar a qualidade da educação básica significa considerar o processo educativo em todas as suas nuances, focalizando fundamentalmente a relação da aprendizagem dos educandos com a sua vida e com a vida da comunidade. Para dar conta desta qualidade, é necessário que o conjunto de conhecimentos sistematizados e organizados no currículo escolar também possibilite a efetivação de práticas, habilidades, valores, costumes e crenças que estão na base do cotidiano e que, articulados ao saber acadêmico, constituem o currículo necessário à vida em sociedade (GUARÁ, 2006)Neste contexto, evidencia-se a necessidade de romper com a escola que fragmenta os conhecimentos e os distancia da realidade dos educandos, criando no ambiente escolar a perspectiva de que a vida do aluno e a escola estão distante no tempo e no espaço, tornando os conhecimentos acadêmicos sem significado para aplicação prática na vida cotidiana.Ao enfrentar a dicotomia entre saberes escolares e a vida cotidiana é possível ampliar as dimensões das práticas educativas na vida dos estudantes, visto que toda escola está situada em uma comunidade que apresenta peculiaridades, valores, costumes, crenças, práticas sociais que fazem parte da vida de cada sujeito que a constitui. Por isso há necessidade de reaproximar a escola da realidade, reconhecendo seu papel fundamental no processo de sistematização do conhecimento, mas também garantindo espaço para promover diálogos capazes de transformar tanto os currículos escolares quanto a vida social. Vale destacar que a relação entre escola e comunidade é imprescindível, pois o desenvolvimento dos educandos não pode ser considerado como responsabilidade exclusiva da escola, é também de sua comunidade.6.2 – As Bases Legais da Educação Integral e do Programa Mais Educação. A Constituição Federal em seu art. 205 assegura: “ A educação direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa,seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Na lei máxima que rege o país, a educação assume um papel imprescindível no desenvolvimento integral dos sujeitos tornando-se condição para o exercício da cidadania.A Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional 9394/96 corrobora estae preceito e em seu artigo 34 amplia esta noção garantindo implementação legal da Educação Integral afirmando que:Art. 34 – Jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá quatro horas de efetivo trabalho em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola.Além de prever ampliação do Ensino Fundamental para tempo integral, a lei 9394/96 admite e valoriza as experiências extra- escolares (artigo 3º, inciso X) as quais devem ser desenvolvidas com instituições parceiras que contribuam para a ampliação do tempo de estudo ou jornada dentro do sistema público.O Estatuto da Criança e do Adolescente, no art. 53 afirma: “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho”.O Plano Nacional da Educação Lei Nº 10.172 (Diretrizes do Ensino Fundamental) que reafirma não só o direito ao acesso à eduacação, mas defende a ampliação de oportunidades de desenvolvimento.Do ponto de vista legal, está claro que a educação deve priorizar o desenvolvimento integral dos sujeitos, sendo que o desafio proposto para é a necessidade de promover articulações com o objetivo de expandir as ações educativas, o que demanda um compromisso ético e político com a inclusão social, por meio da gestão democrática, visando a melhoria da qualidade da educação pública.Ao instituir o Programa Mais Educação (política da educação integral) por meio da Portaria Interministerial nº 17/2007 o governo federal objetiva fomentar a formação integral de crianças, adolescentes e jovens através do apoio às atividades sócio educativas no contra turno escolar, considerando que a família, a sociedade e o poder público devem assegurar com absoluta prioridade a efetivação dos direitos referentes à vida,à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar, nos termos do artigo 227 da constituição federal. A educação integral proposta não se caracteriza pelos moldes da prática escolar vigente, mas amplia tempo, espaços e currículo, buscando instituir uma educação com contribuições de outras áreas sociais e organizações da sociedade civil.Nestes termos é importante salientar que para efetivar este modelo educacional, faz-se necessário repensar as formas de financiamento dos sistemas educacionais, aumentando significativamente os recursos destinados à educação com o objetivo de alcançar e manter os patamares de qualidade na perspectiva da Educação Integral enquanto prática emancipadora.A implementação da escola integral perpassa principalmente pelo posicionamento que o poder público assume perante a garantia dos direitos sociais, particularmente à educação, por isso é necessário enfatizar as linhas de discussão do papel do estado para assegurar a educação integral como forma de legitimizar as políticas educacionais na condução ao direito de todos os cidadãos ao ensino de qualidade. A democracia não se consolida sem que se efetivem os direitos sociais aos cidadãos, e isso inclui a educação escolar seguida de outros bens sociais. Como destaca Golveia (2006, p. 77):Só faz sentido pensar (…) na implantação de escolas em tempo integral, se considerarmos uma concepção de educação integral com a perspectiva de que o horário expandido represente uma ampliação de oportunidades e situação que promovam aprendizagens significativas e emancipadoras.Entende-se que de acordo com a concepção do autor a educação integral corresponde ao direito à educação e assegura o desenvolvimento humano e educacional das sociedades, pois nesta perspectiva, a educação integral visa promover a formação para o pleno exercício da cidadania em uma sociedade de fato democrática, que tem como foco a qualidade da aprendizagem e a efetiva atuação da comunidade escolar, da sociedade civil e do Estado no planejamento, na coordenação, na implementação, no monitoramento e na avaliação das ações pedagógicas que ocorrem no tempo e no espaço escolar e em outros espaços sócio – educativos.X – REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICOARAÚJO, U. F.; KLEIN, A. M. Escola e Comunidade, Juntas para uma Cidadania Integral. In: Cadernos CENPEC: nº 2, 2006BRASIL, Ministério da Educação. Portaria Interministerial nº 17/2007. Programa Mais Educação. Brasília, DF:2007.______, Lei nº9.394/96, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. São Paulo: editora do Brasil, 1997.______, Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990, Estatuto da Criança e Adolescente, 1990.______, Constituição Federal, 1988.______, Ministério da Educação. Rede de Saberes Mais Educação: Pressupostos para Projetos Pedagógicos de Educação Integral. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD, MEC), 2008.COELHO, Lígia Martha C. da Costa. Escola Pública de Horário Integral: Um Tempo (Fundamental) para o Ensino Fundamental. In: ABRAMOVICZ, Anet. Pra Além do Fracasso Escolar. Campinas, Papirus, 1997.CENPEC: Educação, Cultura e Ação Comunitária, nº 2, 2006.FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2006.GOLVEIA, R. P. A política da Educação Integral no Brasil. São Paulo, Moderna, 2006.GUARÁ, Isa Maria F. Rosa. È Imprescindível Educar Integralmente. Caderno CENPEC: Educação, Cultura e Ação Comunitária, nº 2, 2006.LDB interprtada – diversos olhares se entrecruzam. Iris (org) 2ª edição São Paulo. Cortez, 1999.OLIVEIRA, Dalila A. A gestão democrática da educação no contexto da reforma do Estado. In: FERREIRA, Naura, , S. C. ;AGUIAR, Márcia A. da S.(Org). Gestão da Educação: Impasses, perspectivas e compromissos. 2. Ed. São Paulo: Cortez, 2004.OLIVEIRA, Dalila, (Org). Gestão democrática da educação: desafios contemporâneos – Petrópolis, RJ: vozes,1997.
Cyberbulling e a Responsabilidade da Instituição de Ensino "Se precisamos de leis para nos ensinar o Bom Senso, então, trazemos de berço a insensatez" Autora: Joseane de Souza Heineck Tramita no Senado Federal o Projeto de Lei nº 196/2011, que altera o art. 12 da Lei de Diretrizes e Bases e impõe às escolas o dever de combater o assédio escolar, mais conhecido como bullying, através de ações educativas e de prevenção. A iniciativa pretende tornar indiscutível que a Instituição de Ensino é responsável por desenvolver práticas que conscientizem os alunos de que as agressões intencionais, verbais ou físicas, contra um ou mais colegas repetidamente, caracteriza o bullying e pode trazer prejuízos, algumas vezes irreversíveis. A importância do Projeto é incontestável, no entanto, PL 196 corre o risco de ficar ultrapassado antes mesmo de ser votado e colocado em prática. Nos termos em que está redigido, o texto não menciona a responsabilidade das escolas diante das ocorrências de cyberbullying, o qual se caracteriza por agressões verbais veiculadas em qualquer meio eletrônico de comunicação - como e-mail, sites, blogs, redes sociais e celulares. Apesar de ser praticado de forma virtual e, na maioria das vezes, fora do ambiente escolar, a Instituição de Ensino tem o dever de abordar o assunto e adotar posturas que previnam o cyberbullying. Restrição de acesso a sites de relacionamentos e chats nos laboratórios de informática, orientação aos estudantes para nunca ceder ou emprestar senhas e logins, e conscientização de que o anonimato na internet não é absoluto são algumas das medidas que as escolas podem adotar. Além disso, é importante ressaltar aos alunos que as agressões efetuadas em ambientes virtuais serão reprimidas com sanção proporcional e que existem, inclusive, delegacias especializadas em crimes online. Não são poucos os relatos no Brasil e no exterior, de alunos que entram em depressão após sofrerem, por meio de mensagens eletrônicas, discriminação e diversas ofensas. Nesse sentido, a escola tem papel determinante no sentido de auxiliar e promover atividades que envolvam os espectadores do bullying. Através de oficinas de teatro, por exemplo, as instituições podem fazer com que as crianças e jovens abandonem a posição passiva em que se encontram e passem a ser agentes que combatam a prática. Assim, podem também levar as discussões para suas famílias, colegas e grupos de amigos, atingindo, ao final, a sociedade como um todo. | |||||
O conceito de Educação Integral.
Educação Integral, Currículo Intertranscultural e Município que Educa
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A cada dia mais penso ser possível construirmos uma educação integral, enquanto concepção, e processos de educação em tempo integral, enquanto práticas (não dicotomizadas), que partem das relações humanas e culturais entre as pessoas e grupos, reconhecendo e valorizando os seus saberes prévios, suas diferentes diferenças e múltiplas semelhanças. Esta é a base do que chamo de um currículo intertranscultural.
Será tão difícil entender esta possibilidade? Em meu livro "currículo intertranscultural" dou 14 indicações deste currículo. E, em outras publicações, temos avançado nessa reflexão. Quanto mais articularmos escola - comunidade - bairro - cidade - município, potencializando os processos educativos que as envolvem, mais estaremos contribuindo para a qualidade sociocultural e socioambiental da educação que praticamos, em todos os níveis e modalidades educacionais.
Município que Educa busca a articulação intersetorial e intersecretarial de ações, superando os isolamentos de toda ordem, a fragmentação do conhecimento, das pessoas, das relações, da própria vida. Enquanto não buscarmos formas mais humanizadas e coletivizadas, transparentes, democráticas, éticas, estéticas, sensíveis, críticas e políticas de convivência, continuaremos a viver (e a apoiar, pela negação de tudo isso), práticas desumanas, injustas, corruptas, competitivas.
Ao encontro destas necessidades, já tenho discutido sobre currículo, educação e pedagogia intertranscultural... conceitos trabalhados em livros e artigos que tenho publicado - entre os quais "Currículo Intertranscultural" (2004), "Educar em Todos os Cantos" (2007), Educação Cidadã, Educação Integral" (2010), além de artigos disponĩveis neste meu próprio blog, quando discuto "Pedagogia Intertranscultural". São conceitos e práticas em processo, em construção, que, certamente, não serão compreendidos, nem aceitos, nem valorizados enquanto práxis, por quem pensa de forma cartesiada e, pior que isso, de forma linear, conservadora, arcaira e rançosa, como diria Mário Sérgio Cortella.
Estou farto desses cientistas "neutros", "competentes", que produzem artigos uns após outros, enchendo-se de pequenos títulos, de pós-doutorados, e se achando o máximo porque fizeram um ou outro curso fora do país... valozirando os seus "currículos lattes" que permitem que disputem migalhas sempre distribuídas entre os seus próprios iguais. Não é deste tipo de educadores e de intelectuais que o nosso país precisa. Necessitamos de "intelectuais orgânicos", como nos ensina Gramsci, que assumam também para si a responsabilidade da luta pela justiça social, pela distribuição mais justa da riqueza e que saibam que todos e todas são importantes numa sociedade que busca a "felicidade interna bruta", para além do "produto interno bruto".
A concepçao de educação do Município que Educa, que bebe na fonte de tantas experiências transformadoras e mudancistas, contribui para a superaçao dessa visão cinzenta de um currículo "moderno", de uma educação parcial (para os pobres), e sempre de cima para baixo, portanto não dialógica, arrogante e autoritária, que insiste em não se modificar, em continuar a mesma, porque mantém privilégios, principalmente de pessoas e grupos que não se comprometem com a superação da desigualdade social.
Evidentemente, não podemos generalizar quando fazemos a crítica a um certo tipo de visão educacional ainda acedemicista, cartesiana e rançosa em pesquisa e em educação. Nem tampouco generalizamos e dizemos que há muito mais de maquiagem do que verdadeiramente de aprendizagem, se observarmos com mais atenção diferentes experiências educativas em todos os níveis de ensino. Até por isso devemos estar atentos à contribuição dos movimentos sociais e populares, das organizações da sociedade civil, do Estado e de todos os que trabalham com educação e pesquisa, para que este movimento seja o mais amplo e democrático possível, incluindo-se aí também a melhor distribuição dos recursos públicos para viabilizar o sonho de toda a sociedade e não apenas de uma elite, de uma minoria que insiste em se perpetuar no poder, nem sempre, infelizmente, de forma ética, muito menos estética e honesta.
A boniteza do sonho de uma sociedade mais justa e mais feliz, da qual sempre nos falou Paulo Freire, exige de nós esta indignação, a denúncia e o anúncio de que para que um outro mundo e uma outra educação sejam possíveis, há muito o que fazer para acabar com os privilégios, com a corrupção, com a falta de transparência de toda ordem, com a falta de humanidade, de justiça e de esperança, infelizmente ainda tão presentes em nossa sociedade. Daí a necessidade da educação integral do nosso povo, para a construção de uma outra sociedade, de municípios que educam e se educam reciprocamente, porque educados pelas pessoas, com base numa convivência mais sensível, crítica, criativa, mais verdadeira, "humanescente", propositivamente mudancista e transformadora.
Será tão difícil entender esta possibilidade? Em meu livro "currículo intertranscultural" dou 14 indicações deste currículo. E, em outras publicações, temos avançado nessa reflexão. Quanto mais articularmos escola - comunidade - bairro - cidade - município, potencializando os processos educativos que as envolvem, mais estaremos contribuindo para a qualidade sociocultural e socioambiental da educação que praticamos, em todos os níveis e modalidades educacionais.
Município que Educa busca a articulação intersetorial e intersecretarial de ações, superando os isolamentos de toda ordem, a fragmentação do conhecimento, das pessoas, das relações, da própria vida. Enquanto não buscarmos formas mais humanizadas e coletivizadas, transparentes, democráticas, éticas, estéticas, sensíveis, críticas e políticas de convivência, continuaremos a viver (e a apoiar, pela negação de tudo isso), práticas desumanas, injustas, corruptas, competitivas.
Ao encontro destas necessidades, já tenho discutido sobre currículo, educação e pedagogia intertranscultural... conceitos trabalhados em livros e artigos que tenho publicado - entre os quais "Currículo Intertranscultural" (2004), "Educar em Todos os Cantos" (2007), Educação Cidadã, Educação Integral" (2010), além de artigos disponĩveis neste meu próprio blog, quando discuto "Pedagogia Intertranscultural". São conceitos e práticas em processo, em construção, que, certamente, não serão compreendidos, nem aceitos, nem valorizados enquanto práxis, por quem pensa de forma cartesiada e, pior que isso, de forma linear, conservadora, arcaira e rançosa, como diria Mário Sérgio Cortella.
Estou farto desses cientistas "neutros", "competentes", que produzem artigos uns após outros, enchendo-se de pequenos títulos, de pós-doutorados, e se achando o máximo porque fizeram um ou outro curso fora do país... valozirando os seus "currículos lattes" que permitem que disputem migalhas sempre distribuídas entre os seus próprios iguais. Não é deste tipo de educadores e de intelectuais que o nosso país precisa. Necessitamos de "intelectuais orgânicos", como nos ensina Gramsci, que assumam também para si a responsabilidade da luta pela justiça social, pela distribuição mais justa da riqueza e que saibam que todos e todas são importantes numa sociedade que busca a "felicidade interna bruta", para além do "produto interno bruto".
A concepçao de educação do Município que Educa, que bebe na fonte de tantas experiências transformadoras e mudancistas, contribui para a superaçao dessa visão cinzenta de um currículo "moderno", de uma educação parcial (para os pobres), e sempre de cima para baixo, portanto não dialógica, arrogante e autoritária, que insiste em não se modificar, em continuar a mesma, porque mantém privilégios, principalmente de pessoas e grupos que não se comprometem com a superação da desigualdade social.
Evidentemente, não podemos generalizar quando fazemos a crítica a um certo tipo de visão educacional ainda acedemicista, cartesiana e rançosa em pesquisa e em educação. Nem tampouco generalizamos e dizemos que há muito mais de maquiagem do que verdadeiramente de aprendizagem, se observarmos com mais atenção diferentes experiências educativas em todos os níveis de ensino. Até por isso devemos estar atentos à contribuição dos movimentos sociais e populares, das organizações da sociedade civil, do Estado e de todos os que trabalham com educação e pesquisa, para que este movimento seja o mais amplo e democrático possível, incluindo-se aí também a melhor distribuição dos recursos públicos para viabilizar o sonho de toda a sociedade e não apenas de uma elite, de uma minoria que insiste em se perpetuar no poder, nem sempre, infelizmente, de forma ética, muito menos estética e honesta.
A boniteza do sonho de uma sociedade mais justa e mais feliz, da qual sempre nos falou Paulo Freire, exige de nós esta indignação, a denúncia e o anúncio de que para que um outro mundo e uma outra educação sejam possíveis, há muito o que fazer para acabar com os privilégios, com a corrupção, com a falta de transparência de toda ordem, com a falta de humanidade, de justiça e de esperança, infelizmente ainda tão presentes em nossa sociedade. Daí a necessidade da educação integral do nosso povo, para a construção de uma outra sociedade, de municípios que educam e se educam reciprocamente, porque educados pelas pessoas, com base numa convivência mais sensível, crítica, criativa, mais verdadeira, "humanescente", propositivamente mudancista e transformadora.
Fonte: Paulo Roberto Padilha
Ampliar ou não?
ao leitor
Postado em 08/11/2011 às 23:14 horas por Cristiano Xavier na sessão Educação
A polêmica em torno do aumento da carga horária continua rendendo muitos comentários. Não são poucos os professores contrários à medida, que visa a melhorar a aprendizagem do aluno com o aumento, agora, da carga horária, passando de 4 para 5 horas de aula.
Inicialmente, o Ministério da Educação propunha aumentar os dias letivos, de 200 para 220. Agora mudou de posição e pretende aumentar a carga horária. Esse aumento estava previsto de forma gradual na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação brasileira desde 1996. Mas, para isso, o Congresso precisa aprovar a alteração.
A justificativa para esse aumento é que alguns países com uma educação melhor têm uma carga horária de até 8 horas. Portanto, o Brasil precisa seguir esse modelo se quiser melhorar a aprendizagem dos estudantes.
É certo que a educação do país precisa melhorar. E muito. E que nossos estudantes passam pouco tempo em sala de aula, tendo em vista que passam muito mais tempo nas ruas ou em frente ao computador.
Para que se faça essa mudança, será preciso que as escolas também se adéquem ao sistema, melhorando suas instalações, investindo mais em equipamentos, em professores e em ambientes agradáveis.
Aumentar a carga horária ou os dias letivos e não apresentar nada para o aluno, apenas as mesmas aulas de sempre, pode trazer muito mais estragos do que benefícios. Temos um exemplo disso: antes tínhamos 180 dias letivos; hoje temos 200. Deveríamos ter melhorado, deveríamos estar em um nível bem mais elevado de educação. Porém permanecemos na mesma. Incluímos quase 100% das crianças na escola, mas não alcançamos a educação desejada.
As escolas precisam ser mais agradáveis, do ponto de vista estrutural. Ter espaços de lazer, de atividades físicas, de artes cênicas, laboratórios. Encher as escolas de crianças não melhorou a qualidade, porque continuamos com as mesmas aulas. Falta, muitas vezes, um prédio que comporte todas as atividades que deveriam ser realizadas com os alunos.
Aliás, a César o que é de César. Boa parte das escolas hoje tem equipamentos muito bons para dar boas aulas. Elas têm recebido muito material, como livros, multimídia, computador, entre outros. Os governos têm investido bastante em determinadas áreas. Falta apenas o professor fazer uso desses equipamentos. Para isso, é preciso também a consciência do próprio professor de que é preciso usar tudo o que a escola tem para melhorar a educação. Enquanto não tivermos um professor que se dedique, uma escola agradável e investimento na educação não teremos uma educação de qualidade.
Inicialmente, o Ministério da Educação propunha aumentar os dias letivos, de 200 para 220. Agora mudou de posição e pretende aumentar a carga horária. Esse aumento estava previsto de forma gradual na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação brasileira desde 1996. Mas, para isso, o Congresso precisa aprovar a alteração.
A justificativa para esse aumento é que alguns países com uma educação melhor têm uma carga horária de até 8 horas. Portanto, o Brasil precisa seguir esse modelo se quiser melhorar a aprendizagem dos estudantes.
É certo que a educação do país precisa melhorar. E muito. E que nossos estudantes passam pouco tempo em sala de aula, tendo em vista que passam muito mais tempo nas ruas ou em frente ao computador.
Para que se faça essa mudança, será preciso que as escolas também se adéquem ao sistema, melhorando suas instalações, investindo mais em equipamentos, em professores e em ambientes agradáveis.
Aumentar a carga horária ou os dias letivos e não apresentar nada para o aluno, apenas as mesmas aulas de sempre, pode trazer muito mais estragos do que benefícios. Temos um exemplo disso: antes tínhamos 180 dias letivos; hoje temos 200. Deveríamos ter melhorado, deveríamos estar em um nível bem mais elevado de educação. Porém permanecemos na mesma. Incluímos quase 100% das crianças na escola, mas não alcançamos a educação desejada.
As escolas precisam ser mais agradáveis, do ponto de vista estrutural. Ter espaços de lazer, de atividades físicas, de artes cênicas, laboratórios. Encher as escolas de crianças não melhorou a qualidade, porque continuamos com as mesmas aulas. Falta, muitas vezes, um prédio que comporte todas as atividades que deveriam ser realizadas com os alunos.
Aliás, a César o que é de César. Boa parte das escolas hoje tem equipamentos muito bons para dar boas aulas. Elas têm recebido muito material, como livros, multimídia, computador, entre outros. Os governos têm investido bastante em determinadas áreas. Falta apenas o professor fazer uso desses equipamentos. Para isso, é preciso também a consciência do próprio professor de que é preciso usar tudo o que a escola tem para melhorar a educação. Enquanto não tivermos um professor que se dedique, uma escola agradável e investimento na educação não teremos uma educação de qualidade.
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A escola, a sala de aula e o professor
vivendo e aprendendo
Postado em 08/11/2011 às 23:14 horas por Cristiano Xavier na sessão Educação
Carlos W. Dorlass
Consultor educacional
Segundo uma pesquisa da revista Veja, 89% dos pais responderam que acham que recebem um bom serviço em troca do que pagam para a escola de seus filhos. Porém, não se pode imaginar que este nível de satisfação seja condizente com a realidade que é constatada no dia a dia das escolas.
O sistema educacional passa por um período de inércia. Verificam-se repetições de um padrão que, em um tempo não muito distante do atual, foi eficaz. Professores continuam executando o mesmo planejamento de décadas passadas, reutilizando estratégias de ensino, avaliações e metodologias. Sem considerar que os tempos são outros. Não esquecer que hoje a quantidade de informações e a velocidade como são transmitidas são muito maiores. O novo tem sido uma reedição do velho nas escolas.
O que se observa é que essa mera reprodução de velhos ritos escolares tem se voltado contra a própria escola. Os alunos tem se tornado cada vez menos motivados para as atividades propostas.
Sabe-se que as escolas são verdadeiras usinas de múltiplas inteligências, mas atualmente elas tem sido local de repetição de padrões ultrapassados, sem que apresentem preocupações para mudar esse panorama - sem inovar!
É necessário acompanhar as mudanças e sair da zona de conforto. Os professores precisam se conscientizar de que as aulas precisam despertar o interesse dos alunos. Procurar despertar neles a vontade de aprender, incentivar a participação individual no processo de ensino-aprendizagem, promover atividades que permitam que os alunos questionem, participem e opinem. O ensino não pode mais ser uma via de mão única. Quando se sentirem seguros e valorizados em suas opiniões, os alunos sairão das aulas com desejo de voltar, sede de saber e muito mais preparados.
A escola que se diz transformadora e que realmente desejar ser, deve transpor a barreira do conservadorismo. Abandonar o paradigma de designar como indisciplina ou desrespeito as manifestações de "vida", de opinião e de manifestações dos alunos.
Avaliando responsavelmente o papel da escola, conclui-se que ela deve ser o espaço para reflexão, discussões entre gerações e trocas. A geração dos mais velhos com as gerações dos mais novos. E não dos que sabem mais com os que sabem menos. Onde não ocorrem discussões, não se pode chamar de sala de aula. Os professores que resistem a abandonar o velho padrão, que exige que a sala de aula seja um ambiente harmônico e disciplinado, muito pouco tem a ensinar.
O professor da era da informação deve estar preparado para promover discussões sobre os acertos e erros da humanidade, sobre valores, ser realmente capaz de ajudar a formar uma geração melhor do que a anterior.
Já não se pode mais admitir a presença do professor "Power Point", que apenas repete o que está escrito. O professor "PowerPoint" se assemelha ao sistema de ensino apostilado, onde só se registra o mínimo necessário e fragmentando o conteúdo, sem correlacioná-los com outros assuntos e sem contextualizar e transpor para a realidade dos alunos.
Não se pode mais aceitar também que seja ensinado o básico. Urge formar cidadãos de valor e com qualidade. É preciso que o ensino seja abordado de maneira que prima pelo significado. A quantidade não garante a qualidade. A sala de aula tem que ser o lugar de exigência máxima e não mínima.
O professor deve estar atento e preocupado com o desenvolvimento pleno de seus alunos, com as suas presenças e ausências, sua saúde, com as exposições a situações de preconceitos, discriminação e violência. Deve ainda buscar atualizar-se constantemente, trocar experiências com demais professores da escola ou de outras instituições de ensino, ter disposição, paciência, calma para conversar, ouvir os alunos e famílias, estabelecendo com elas uma relação de atenção, proximidade e confiança.
Um bom professor deve ainda promover a compreensão do "porquê" e "para que" aprender sempre.
Consultor educacional
Segundo uma pesquisa da revista Veja, 89% dos pais responderam que acham que recebem um bom serviço em troca do que pagam para a escola de seus filhos. Porém, não se pode imaginar que este nível de satisfação seja condizente com a realidade que é constatada no dia a dia das escolas.
O sistema educacional passa por um período de inércia. Verificam-se repetições de um padrão que, em um tempo não muito distante do atual, foi eficaz. Professores continuam executando o mesmo planejamento de décadas passadas, reutilizando estratégias de ensino, avaliações e metodologias. Sem considerar que os tempos são outros. Não esquecer que hoje a quantidade de informações e a velocidade como são transmitidas são muito maiores. O novo tem sido uma reedição do velho nas escolas.
O que se observa é que essa mera reprodução de velhos ritos escolares tem se voltado contra a própria escola. Os alunos tem se tornado cada vez menos motivados para as atividades propostas.
Sabe-se que as escolas são verdadeiras usinas de múltiplas inteligências, mas atualmente elas tem sido local de repetição de padrões ultrapassados, sem que apresentem preocupações para mudar esse panorama - sem inovar!
É necessário acompanhar as mudanças e sair da zona de conforto. Os professores precisam se conscientizar de que as aulas precisam despertar o interesse dos alunos. Procurar despertar neles a vontade de aprender, incentivar a participação individual no processo de ensino-aprendizagem, promover atividades que permitam que os alunos questionem, participem e opinem. O ensino não pode mais ser uma via de mão única. Quando se sentirem seguros e valorizados em suas opiniões, os alunos sairão das aulas com desejo de voltar, sede de saber e muito mais preparados.
A escola que se diz transformadora e que realmente desejar ser, deve transpor a barreira do conservadorismo. Abandonar o paradigma de designar como indisciplina ou desrespeito as manifestações de "vida", de opinião e de manifestações dos alunos.
Avaliando responsavelmente o papel da escola, conclui-se que ela deve ser o espaço para reflexão, discussões entre gerações e trocas. A geração dos mais velhos com as gerações dos mais novos. E não dos que sabem mais com os que sabem menos. Onde não ocorrem discussões, não se pode chamar de sala de aula. Os professores que resistem a abandonar o velho padrão, que exige que a sala de aula seja um ambiente harmônico e disciplinado, muito pouco tem a ensinar.
O professor da era da informação deve estar preparado para promover discussões sobre os acertos e erros da humanidade, sobre valores, ser realmente capaz de ajudar a formar uma geração melhor do que a anterior.
Já não se pode mais admitir a presença do professor "Power Point", que apenas repete o que está escrito. O professor "PowerPoint" se assemelha ao sistema de ensino apostilado, onde só se registra o mínimo necessário e fragmentando o conteúdo, sem correlacioná-los com outros assuntos e sem contextualizar e transpor para a realidade dos alunos.
Não se pode mais aceitar também que seja ensinado o básico. Urge formar cidadãos de valor e com qualidade. É preciso que o ensino seja abordado de maneira que prima pelo significado. A quantidade não garante a qualidade. A sala de aula tem que ser o lugar de exigência máxima e não mínima.
O professor deve estar atento e preocupado com o desenvolvimento pleno de seus alunos, com as suas presenças e ausências, sua saúde, com as exposições a situações de preconceitos, discriminação e violência. Deve ainda buscar atualizar-se constantemente, trocar experiências com demais professores da escola ou de outras instituições de ensino, ter disposição, paciência, calma para conversar, ouvir os alunos e famílias, estabelecendo com elas uma relação de atenção, proximidade e confiança.
Um bom professor deve ainda promover a compreensão do "porquê" e "para que" aprender sempre.